A função hepática é essencial para a manutenção de várias funções vitais do corpo humano, incluindo a metabolização de nutrientes, a produção de proteínas e a desintoxicação de substâncias prejudiciais. O fígado também tem um papel crucial na regulação do colesterol e no armazenamento de glicose. Quando o fígado não funciona adequadamente, pode levar a uma série de doenças, como hepatite, cirrose e insuficiência hepática. Para monitorar a saúde do fígado e detectar problemas precocemente, exames de sangue são ferramentas fundamentais. Neste artigo, exploraremos os principais exames de sangue utilizados para avaliar a função hepática.
1. O que é a Função Hepática?
A função hepática refere-se ao conjunto de processos biológicos que o fígado realiza no organismo. Esse órgão desempenha funções como a metabolização de substâncias, produção de bile (necessária para a digestão de gorduras), síntese de proteínas, regulação do colesterol e armazenamento de glicose na forma de glicogênio. Problemas hepáticos podem interferir diretamente nessas funções, o que torna fundamental o diagnóstico precoce por meio de exames laboratoriais.
2. Exames de Sangue para Avaliação da Função Hepática
A avaliação da função hepática é realizada principalmente por meio de exames de sangue que medem níveis de substâncias produzidas ou processadas pelo fígado. Os exames mais comuns incluem:
- Enzimas Hepáticas (TGO, TGP, GGT, FA)
As enzimas hepáticas são proteínas produzidas pelo fígado que desempenham papéis essenciais em diversas reações bioquímicas. Quando o fígado está danificado, essas enzimas podem se liberar na corrente sanguínea, resultando em níveis elevados no sangue. Os principais exames de enzimas hepáticas incluem:- TGO (Transaminase Glutâmica Oxalacética ou AST): Elevações nos níveis de TGO podem indicar lesões no fígado, mas também podem ser causadas por problemas cardíacos ou musculares.
- TGP (Transaminase Glutâmica Pirúvica ou ALT): A TGP é mais específica para problemas hepáticos e é um dos melhores indicadores de danos no fígado.
- GGT (Gama Glutamil Transferase): Este exame é útil para detectar doenças hepáticas relacionadas ao consumo excessivo de álcool ou problemas nos ductos biliares.
- FA (Fosfatase Alcalina): A FA está relacionada ao funcionamento do fígado e das vias biliares. Níveis elevados podem indicar obstruções biliares.
- Bilirrubina
A bilirrubina é um produto da decomposição das hemácias (glóbulos vermelhos) no fígado. Quando o fígado não está funcionando corretamente, pode haver acúmulo de bilirrubina no sangue, o que leva ao surgimento de icterícia (coloração amarelada na pele e nos olhos). Existem dois tipos de bilirrubina medidos nos exames de sangue:- Bilirrubina Total: Mede a quantidade total de bilirrubina no sangue.
- Bilirrubina Direta e Indireta: A bilirrubina direta é a forma conjugada, que está ligada à bile e é eliminada pelo fígado, enquanto a indireta é a forma não conjugada, que pode indicar problemas hepáticos ou de excreção biliar.
- Albumina e Proteínas Totais
A albumina é uma proteína produzida pelo fígado e desempenha um papel essencial na manutenção da pressão sanguínea e no transporte de várias substâncias pelo corpo. Níveis baixos de albumina podem indicar função hepática prejudicada, uma vez que o fígado é o principal responsável por sua produção. O teste de proteínas totais mede todos os tipos de proteínas no sangue, incluindo a albumina. - Tempo de Protrombina (TP)
O tempo de protrombina é um exame que avalia a coagulação sanguínea e é influenciado pela produção de proteínas de coagulação no fígado. Pacientes com problemas hepáticos frequentemente apresentam níveis elevados de TP, o que indica um risco maior de sangramentos.
3. Quando Realizar os Exames Hepáticos?
A realização de exames hepáticos deve ser considerada nas seguintes situações:
- Sintomas clínicos: Como dor abdominal no lado direito, cansaço excessivo, icterícia (pele ou olhos amarelados), inchaço abdominal e alterações nas fezes.
- Monitoramento de doenças pré-existentes: Pacientes com doenças hepáticas crônicas, como hepatite viral ou cirrose, devem realizar exames de função hepática regularmente.
- Uso de medicamentos que afetam o fígado: Alguns medicamentos, como os usados no tratamento de colesterol, antivirais ou analgésicos, podem causar danos ao fígado a longo prazo, exigindo monitoramento.
- Exames de rotina: Pacientes em check-ups periódicos podem ser submetidos a exames hepáticos como parte de uma avaliação preventiva.
4. Interpretação dos Resultados
Os resultados dos exames de função hepática são interpretados levando em consideração os valores de referência estabelecidos pelo laboratório, além de fatores individuais como idade, sexo, histórico médico e sintomas do paciente. Um aumento isolado de uma enzima hepática, por exemplo, pode não ser suficiente para um diagnóstico, sendo necessária uma avaliação completa do quadro clínico.
- Valores elevados de TGO e TGP: Podem indicar hepatite viral, cirrose, esteatose hepática (fígado gorduroso) ou danos causados por medicamentos ou substâncias tóxicas.
- Níveis elevados de GGT: Estão frequentemente associados ao consumo excessivo de álcool ou doenças nos ductos biliares.
- Bilirrubina elevada: Indica problemas no processamento ou na excreção da bilirrubina, comuns em condições como hepatite ou obstrução biliar.
5. Conclusão
Exames de sangue são fundamentais para avaliar a função hepática e detectar precocemente condições que podem comprometer a saúde do fígado. Através de exames como a dosagem de enzimas hepáticas, bilirrubina, albumina e outros marcadores, é possível monitorar a função do fígado e tratar doenças hepáticas antes que se tornem mais graves. Para garantir resultados precisos e uma interpretação correta, é importante consultar um médico, que pode recomendar exames complementares e tratamentos adequados.